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Olá, meu nome é Laine. Eu vou contar um pouco da minha história. Eu, pequena, desde pequena, eu lembro como se eu fosse hoje. Minha mãe me levou, fui abandonada pelo meu pai, verdadeiro. Minha mãe não pôde me criar e eu fui criada com um, com outro, com colegas da minha mãe, Amigas, tios, parentes, enfim. Porque minha mãe vivia pelo mundo, fazendo faxina, trabalhando, enfim. Então, praticamente, eu fui criada assim. A rua me criou, né? Porque eu ia pra casa das pessoas, eu ficava lá, eu ficava acompanhando, né? E olhando. a maneira como a família se comportava. Pra dali eu tirar um proveito pra minha vida, porque eu não tive ninguém, não tive uma base familiar. Então, hoje eu sou formada, eu tenho uma formação em turismo, sou turismóloga, Tem uma formação em petróleo e gás e tem uma outra formação que é a minha pós-graduação na área de perícia e auditoria ambiental. Eu sou perita ambiental também. E sou empresária, tenho uma fábrica de camisas e uniformes, enfim. Onde eu quero chegar? Contando a minha história. Quero mostrar pra vocês que você é o que você escolhe ser. Ninguém te induz a nada, tá? Enfim, aí eu lembro que meu pai, minha mãe me levou pra conhecer meu pai, meu pai me empurrou quando eu era pequena, falou, sai daqui que você não é minha filha. E enfim, dali eu fiquei muito triste, muito magoada, né? E depois eu não tinha mais aquela figura paterna, né? Que eu tinha o sonho de ter. Eu via minhas amigas nos colégios. Por exemplo, minhas reuniões do colégio, quem participava das minhas reuniões era eu. Não era minha mãe, minha mãe nunca foi. Enfim, nunca tinha ninguém pra ir nas minhas reuniões. Eu nunca tive uma festa de aniversário. Nunca comemorei meu aniversário. Eu tinha tudo pra ser o que não presta, né? Sempre me chamaram pra fazer coisa errada, pra usar droga, pra beber. Eu nunca bebi na vida. E eu fazia tudo sozinha praticamente. Quem pediu pra minha vizinha, pra vizinha da minha mãe, me matricular no colégio, fui eu. Não foi minha mãe. Eu pedi pra vizinha, eu falei, eu quero estudar, eu tenho o sonho de estudar. Fui, pedi, a vizinha foi lá, me matriculou, porque eu era menor, eu era criança, eu não podia ir sozinha no colégio e fazer minha matrícula, enfim. Então, eu tô contando um pouco da minha história de vida. E aí, por fim, minha mãe se envolveu com dois homens, dois padrastos, no qual ambos tentaram me agarrar à força, me estuprar, e eu consegui me desvencilhar de todos os dois. Graças a Deus, um, eu estava trancada no apartamento enquanto minha mãe foi fazer a faxina e eu fiquei lá sozinha com ele. Eu queria me jogar do segundo andar, queria me suicidar. E o outro, Tentou me agredir, me xingar para querer me pegar a força. Falou que me xingou de tudo quanto é nome, que eu queria dar para os outros, mas eu queria dar para ele. Eu sei que eu saí de madrugada, minha mãe estava presente. Na frente da minha mãe, ele veio querer me insultar, me agredir, me xingar. Eu tive que sair de madrugada pelas ruas lá da cidade dela, no qual eu fui morar com ela. Nós saímos do Rio de Janeiro para morar numa cidade do interior de São Paulo. e lá eu estudei também, fiz amizade, enfim. E fui morar, fui até poder voltar para o Rio de Janeiro, pedi para ficar na casa de uma amiga do colégio no qual eu estudei, até poder vir embora para ficar com a minha irmã mais velha. E aí eu saí de madrugada, o portão todo de lança, pontudo, eu tenho uma marca no meu ombro, não sei se dá para vocês verem. aqui, que eu me machuquei toda, me feri, uma hora da manhã tentando ajuda, né? Pra eu poder ficar, até poder voltar pra vir embora. Enfim, aí chegando no Rio de Janeiro, voltei pro Rio, isso já na fase adulta e tal, e consegui construir, refazer minha vida, Lá eu não consegui estudar, consegui fazer cursos, várias especializações. Enfim, eu, mas eu sozinha. Aí vim morar com a minha irmã. Essa minha irmã, no qual eu fiquei com ela, perdeu os três filhos, no qual eu fiz os três enterros, praticamente. E ajudei a minha irmã a cuidar da minha sobrinha. Minha sobrinha era tetraplégica, faleceu com uma parada cardíaca. Meu outro sobrinho morreu por conta dessa minha amiga que me deu a guarita em São Paulo, na época. Morreu com um tiro na nuca lá, porque eles se envolveram e ela tinha envolvimento com um cara que tinha acabado de sair da cadeia. E, enfim, essa é a minha história de vida. minha história de superação. Eu passei por muita coisa, estou de pé. Infelizmente, várias portas se fecharam para mim, de trabalho, de tudo, porque as pessoas sempre tentaram negociar meu corpo. E eu aprendi sozinha que eu não negociaria, eu não deveria jamais negociar meu corpo. meu caráter não tem preço. Então, desde a minha fase infantil até a minha fase de adolescência, eu sempre trabalhei, sempre procurei evoluir, sempre procurei dar o melhor de mim pra mim e tentar ajudar de alguma forma minha mãe, minha irmã, que precisam de mim. com muita dificuldade, mas a gente tenta sempre ajudar. Então, as portas, por conta da beleza que as pessoas falam que eu tenho, não me acho assim linda e maravilhosa, só me considero uma pessoa trabalhadora, honesta e guerreira. Então, as portas praticamente se fecham o tempo todo. E já me veio várias vezes na cabeça a vontade de desistir da vida, de me suicidar, mas eu falei, não, eu sou melhor que isso. Então, gente, aí depois, na minha vida, eu vivi um relacionamento com uma pessoa de 17 anos, me prendi a essa pessoa, mas eu sofri muito com essa pessoa. Essa pessoa trouxe amante para o nosso convívio, onde é minha empresa, na esquina, próximo a dessa pessoa e eu fui agredida dentro da empresa dessa pessoa, pelo amante dele. Essa pessoa colocou minha vida em perigo, essa amante dele colocou vagabundos armados na minha porta, uma outra amante dele mandou dar tiro na minha porta, então minha vida não foi e não é fácil, minha vida é uma vida difícil. Mas o que eu quero dizer para vocês é tudo é superação. Você é o que você escolhe ser. Eu poderia ser o que não presta, mas hoje eu sou formada, tenho pós-graduação, tenho minha empresa e, claro, tem seus altos e baixos. Consegui comprar meu apartamento, tenho loja, montei alguns negócios que não deram certo porque eu confiei demais nas pessoas. não por falta de oportunidade, mas por falta de caráter das pessoas que se aproximam de mim. Então, essa é a minha história. Meu nome é Elaine Japonesa, sou de Mesquita, do Rio de Janeiro. Sou uma comerciante, tenho uma fábrica de camisas e uniformes. Só vim aqui falar que você jamais deve perder a esperança. E você é o que você escolhe ser, ninguém te induz a nada, ninguém te convence a nada, é você e você.

Alaíne Conceição de Oliveira